nenhum assombro a mais nessa soma de flores
: já mastiguei todas as pétalas
em meio século de setembros.
não me incomoda mais o acúmulo da
areia nem a força inextinguível
a empurrá-la pela cintura do tempo
:
meus olhos são de vidro e projetam
a letra torta à procura de uma rima.
entretanto não desprezo o sono
a recepcionar o verso inesperado –
só atendo à urgência dos rins
e à sede que mantém esse ciclo osmótico
e enquanto a fisiologia ferve
eu me recosto no banco
a decifrar enigmas
a contar pitangas maduras
e a observar o sol se decompondo
(a noite
é a última palavra ao alcance do horizonte).
Um comentário:
Então, Sílvio..A noite tece, ela sempre tecerá.Abraço
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