quinta-feira, 5 de maio de 2011

RODAGENS DOS VELHOS OLHARES


Para o poeta Jorge Campos, onde estiver.

Estendidas nas herméticas paisagens
dos súbitos olhares,
            em que tudo,
mesmo o vago-orvalho solitário
têm fingimentos cariados,
milhares de finas flores líquidas
conhecidas no Reino Unido como "Sweet William" 
afagam [com suas arcanas sacanas]
os clitóris das mariposas de plutônio
e o declives-pós das sepulturas                                             
convulsivas, espumosas...

― Rodagens de velhos olhares?
A camuflagem do umbigo imperaria,
                      não fosse a pálpebra da poesia ―
                      reinaria
como um paraíso à beira mar plantado
gravado na geléia genital
das linguagens sinistras,
de olho na montoeira de estercos.

― Vulva de murta?
“Ah, sei qual é!”
Não bastasse
a mira no escorregão das nádegas melancólicas
e um soberbo arbusto de sete faces 
ser-me-ia impossível rosado,
            e [eu, mesminho!]  
          olharia para trás:
        escapaste?
      perdoas-me?

― O inverno
talvez fosse azul,
 não houvesse tantos alfanjes inacessíveis
 abanando-se com uma enfastiada
e lânguida boca.

© Benny Franklin
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2 comentários:

João Maria Ludugero disse...

Gostei de vir aqui.
Passe lá no meu blog.
Se gostar, me siga.
Felicidades, hoje e sempre.
Abraços,
João.

João Luis Calliari Poesias disse...

Benny, eu entrei no clima, mas essa mariposa de plutônio...danadinha..Saludos!