FECHAR OS OLHOS
precisas de conhecer a insatisfação das palavras
para escreveres bem.
as subsequências têm de ser uma absorção
linguística do momento histórico.
qualquer produção
tem de mover-se como detonação de entranhas
desde o tempo passado até à arquitectura
da conversão actual.
é impossível fechares os olhos quando tudo
é cortado em metades e essas metades
procuram metades alheias e formam novos todos.
a literatura, onde quer que exista, faz deslizar
as palavras que mais não são do que documentos
contendo novas invenções do mundo,
novos pares de invenções do mundo.
e é assim onde quer que elas sejam ditas. em qualquer
situação minimamente provável.
a palavra que falta ao pensamento é livre. pode
ser dita. escrita. e viciar-se no branco polar
de uma distância verbal. e tu:
continuas a falar. e eu: não consigo ouvir-te.
continuas a falar. e eu: não consigo ouvir-te.
Sylvia Beirute
5 comentários:
Nossa... quanta força e fineza de sentir!
Fascinante... Deveras!
Um ano repleto dessa meiga inspiração.
Com carinho,
Bela poesia Sylvia, agradável de ler, e mágico de sentir.
Abraços e sucesso!
lembrei Worpswede, Rilke e as cartas
gostei do poema
felicidades
a receita é tão sublime, como o poema
que ensina...
perfeito !
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