segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Anti-ruído, poema de Gavine Rubro

Anti-ruído, poema de Gavine Rubro


desligo o som
desenhos espalhados, pela sala
Salvador Dali - Cálice do amor
e gargalhadas de choro,
marés quentes afagam a respiração:
quase se ouvem ecos na tua gruta
areia, vidro em escultura
do pó dessa sala escura
e os negativos que guardo no bolso
são superstições de consolo.
co-produção, semi-abraço quase roto
o caldeirão ferve de canibalismos
boia lá um Narciso morto
entre outros mais impuros ingredientes
para refeição enjoativa dos fracos.
os joelhos tremem
a tensão desce
desfaleço,
não passando tudo de um sonho
o sonho em que não estás lá
sou eu, sem nós, sem ti, sem ser
e isso faz suar
faz temer.

- pela tua gruta
o sonho sou,
sem ser isso.

Gavine Rubro

2 comentários:

BAR DO BARDO disse...

... em ritmo de sonho,
um pesadelo multifacetado.

Gostei.

João Luis Calliari Poesias disse...

Ah...as grutas!