quarta-feira, 3 de novembro de 2010

nossa senhora das flores

a minha velha coleção de postais
trouxe todos em branco depois de viagens
vontade insuportável de silêncio
de guardar comigo o gás das ruas
um beco em primeira edição

silêncio eivado de temor e tremor
transborda pardais mortos e calçadas
carros abandonados e santos beberrões
nossa senhora das flores e uma oração insperada

aos santos peço em novenas
nada depois de tantos noves fora
por cada visita à catedral
trago tatuada uma minúscula cruz
no desnudo corpo de missionário
postal que enviei de Java em 189...

3 comentários:

Cris de Souza disse...

ave, poesia!

esse espaço é um achado.

Barone disse...

Grande! Uma viagem poética.
Gostei do "transborda pardais mortos e calçadas".
Abraço.

Lírica disse...

Tudo é lindo nesta poesia. Amei, Audemir.