quinta-feira, 17 de junho de 2010

E subi...

imagem: quebeloestranhodia.wordpress.com


Minha idéia era subir até de onde não veria mais o chão.

Passei pelos primeiros telhados:
alguns cinzas, outros vermelhos.
Subi...

Cheguei à copa das árvores.
Primeiro as menores, depois as outras...
Vi pássaros
(Muitos, muitos!)
E subi...

Cheguei ao alto dos edifícios mais antigos.
E, pelas janelas, vi senhoras
olhando televisões mal sintonizadas,
sem, daí, me verem passar.
E subi...

Cheguei aos arranha-céus mais altos,
e vi jovens engravatados apontando gráficos diante de senhores incrédulos.
E subi...

Cheguei ao encontro de aviões,
aeronaves,
astronautas.
As aves, então, as mais fortes e velozes.
Até o vento ter cor e cheiro,
até o silêncio ser medido em decibéis.
E subi...

Cheguei bem lá no alto,
depois de onde nada mais havia,
de onde nem o chão, finalmente, mais se veria,
e subi...

Até ter medo de olhar para baixo
Até começar a ter medo

de altura.

4 comentários:

Benny Franklin disse...

Muito bom... Como deve ser a verdadeira poesia. Abs.

Cássio Amaral disse...

Muito bom ver versos de Isaias de Faria, Rafael Nolli e Flávio Otávio Ferreira aqui, parabéns porque os três são muito bons poetas.
Grande abraço.

Barone disse...

Bacana Diego!

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

poesia prima.inteligente, prende e dá o recado...muito bom e suave...adorei