terça-feira, 16 de março de 2010




















FUGA


É tarde, quase noite.

Chove lá fora,

e o vento que se usou como açoite

já se acalmou agora.


Vejo os fracos e finos fios de luz,

de uma vela,

atravessarem a janela

e tentarem, inutilmente, iluminar a rua.


Posso sentir a inaudível voz

de um homem a falar.

A chuva foi forte, não lhe trouxe sorte,

destruiu o seu lar.

As pessoas falam alto, andam depressa,

tropeçam na sala e caem na copa.

Já é noite, triste, angustiante.

E o silêncio se instala.

A música, ouço-a ao longe,

começo a sonhar,

de uma doce saudade

ela me fez lembrar.

Tudo acontece, nada posso ver.

Tudo adormece,

volto a viver,

pois me lembro de você.

1979



3 comentários:

Ju Fuzetto disse...

Que fantástico!

Parabéns lindo demais!!
abraço

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Ton

Muito bom teu poema de 79...lembrar no meio deste cenário...
Bravo!
ab

L. Rafael Nolli disse...

Belo e singelo esse poema, Ton.