FUGA
É tarde, quase noite.
Chove lá fora,
e o vento que se usou como açoite
já se acalmou agora.
Vejo os fracos e finos fios de luz,
de uma vela,
atravessarem a janela
e tentarem, inutilmente, iluminar a rua.
Posso sentir a inaudível voz
de um homem a falar.
A chuva foi forte, não lhe trouxe sorte,
destruiu o seu lar.
As pessoas falam alto, andam depressa,
tropeçam na sala e caem na copa.
Já é noite, triste, angustiante.
E o silêncio se instala.
A música, ouço-a ao longe,
começo a sonhar,
de uma doce saudade
ela me fez lembrar.
Tudo acontece, nada posso ver.
Tudo adormece,
volto a viver,
pois me lembro de você.
1979
3 comentários:
Que fantástico!
Parabéns lindo demais!!
abraço
Ton
Muito bom teu poema de 79...lembrar no meio deste cenário...
Bravo!
ab
Belo e singelo esse poema, Ton.
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