segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Poesia barata

Essa poesia barata
é mulata
escrevi na vala
acendi uma vela
e cuspi nela.

A tinta pra letra
é a graxa preta
pútrida do esgoto.

Essa poesia fiz num desgosto
e tem gosto
de cachaça, de carcaça de jasmim,
ex-flores.

Nessa pátria
de tanta mamata
ergo essa poesia barata
que é meu corpo furioso
contagioso
minha carne exposta
decomposta
fundida e mal paga.

Cagada no chão
ressecada
virou casulo
virou borrão.

E o povo todo nulo
enojado
fulo
com azia
presencia
a aparição cascuda, abusada,
da barata
que é: a errata
da poesia defecada,
metamorfoseada.

Nessa pátria
de tanta mamata
ergo a poesia,
Barata,
que todo mundo pisa,
mas não mata.

6 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional, Tenório!

Eliza Maciel

Tião Martins disse...

Que Deus proteja e abençoe a poesia barata! Valeu Tenório!

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Tenório, amei esta poesia
intekigente!

abs.

Adriana Godoy disse...

Tenório, uma belezura, ritmo e esse jogo de ideias e palvras. Parabéns. beijo.

L. Rafael Nolli disse...

Meu camarada, mantendo o nível aqui! Gostei dessa "poesia Barata" que todo mundo pisa, mas não mata; e talvez a poesia seja isso mesmo, incomoda, incomoda, e por mais que a ataquem ela sai intacta. Tem um ritmo rápido e um bom desenvolvimento!


ps* Recebeu um e-mail meu ?

Léo Santos disse...

Boa! Muito Boa!

A Poesia Barata não pode morrer jamais, é a bandeira de todos nós!

Um abraço!