Essa poesia barata
é mulata
escrevi na vala
acendi uma vela
e cuspi nela.
A tinta pra letra
é a graxa preta
pútrida do esgoto.
Essa poesia fiz num desgosto
e tem gosto
de cachaça, de carcaça de jasmim,
ex-flores.
Nessa pátria
de tanta mamata
ergo essa poesia barata
que é meu corpo furioso
contagioso
minha carne exposta
decomposta
fundida e mal paga.
Cagada no chão
ressecada
virou casulo
virou borrão.
E o povo todo nulo
enojado
fulo
com azia
presencia
a aparição cascuda, abusada,
da barata
que é: a errata
da poesia defecada,
metamorfoseada.
Nessa pátria
de tanta mamata
ergo a poesia,
Barata,
que todo mundo pisa,
mas não mata.
6 comentários:
Sensacional, Tenório!
Eliza Maciel
Que Deus proteja e abençoe a poesia barata! Valeu Tenório!
Tenório, amei esta poesia
intekigente!
abs.
Tenório, uma belezura, ritmo e esse jogo de ideias e palvras. Parabéns. beijo.
Meu camarada, mantendo o nível aqui! Gostei dessa "poesia Barata" que todo mundo pisa, mas não mata; e talvez a poesia seja isso mesmo, incomoda, incomoda, e por mais que a ataquem ela sai intacta. Tem um ritmo rápido e um bom desenvolvimento!
ps* Recebeu um e-mail meu ?
Boa! Muito Boa!
A Poesia Barata não pode morrer jamais, é a bandeira de todos nós!
Um abraço!
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