quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

As Dores do Cravo

Depois da briga,
a ela, os poemas,
as canções, os consolos.

A ele, a culpa, a maldade,
a doença.

Embora o amor dele, por ela,
talvez seja ainda maior.
E sua dor, após a briga,
mais intensa,
mais corrosiva,
menos virtuosa

do que se fala da dela,
em discos, versos,
imagens.

A ela, coube os ombros amigos,
as palavras de auto-estima.

A ele, o travesseiro
e o quarto frio.

A ela, a singeleza das manhãs frescas.
A ele, o torpor das madrugadas de calor.

A ela, os jardins e buquês.
A ele, os cafés e as vodcas.

A dele é assentimental,
é rude, imperceptível,
impassível de compaixões.

É solitária,
de todo o modo.

3 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Gostei, Diego!

Embora bem distinta,
lembrou-me a história
de Dalva de Oliveira. : )

Beijo,
doce de lira

VERA PINHEIRO disse...

É preciso compreender o universo masculino. Também gostei, Diego.

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Diego, uma delícia de Poema
Muito inteligente e doce. ab