.....................................escaravelho que valha a casca
..........................................carneiro com a lã já tecida
..........................cigarra rompendo as costas do ruído
.
......................................nada abate o sol que reina
............................nem aspira denso o asfalto gratuito
.
......................................mas algum florir ainda se espera
.................................a si
..............................como empilham favos os favos
..............................oitavados
...............................para serem
.................................vagos
....................................sua própria metalurgia
.
.......................................quanto é o enquanto?
.......................................quanto aguarda
.
.................................o pássaro pulmão de lata
.....................que desata a condição de guardião
...................................................................do limo?
..............................água e pedra que se fazem limo
.......................................escuras quão escuros são
.............................................do pássaro os poros
.................................em seu marrom de brilho
.
heyk, 22 e 23 de novembro de 2009, rio
10 comentários:
Adorei.. a sonoridade da primeira estrofe ficou ótima!
querido heyk, e a resposta ao meu e-mail?
um beijo
adorei o poema.
Gostei!
Esse (seu) poema repele a mesmice.
Abs.
obrigado, caros. tá aí uma tentativa de pesquisa. a autopoiese, a investigação prática de que os seres geram a si mesmos
Achei o poema poderosíssimo, e acho que isso vem de um trabalho que percebo muito valoroso seu: você realmente busca elevar a sua poesia a um nível de 'vida ou morte'. Não entro no mérito se e quando funciona - nessa funcionou demais -, mas sim nesse seu respeito ao ofício, de querê-lo poderoso, visceral, científico, revelador.
Volto a dizer que talvez a Poesia nem seja tudo isso, sejam são só palavras, risos.
E é por isso que podem(os) te chamar de arrogante, presunço, intenso, mas uma coisa que você não é é negligente com sua meta ao fazer poesia.
Meus parabéns, Heyk.
é, entre arrogância e negligência, fico com a arrogância!
obrigado tenório, gostei de tudo que disse e é por aí mesmo que encaro o ofício: fazer saberes com este gêneros, propor nuances e pontos de fuga.
Obrigado.
gostei das suas coisas que vi.
Uma decepção quase conformada com o mundo, que segue por um chute de esperança - espera-se qualquer florir. "Florir" é bonito. Disso se empilham favos numa rima vaga - não é? - que culmina num jogo mais ou menos. No fim, o pássaro pulmão de lata intriga verdadeiramente - as figuras provocam charadas. A natureza dele - de poros escuros - o leva à renúncia de seu cargo. Quer valer como o escaravelho, quer romper como a cigarra, mas não por meio do voo. Jamais pelo voo. O voo é a tarefa-comum do guardião do limo. Marrom e escuro, ele o quer apenas por meio do brilho.
Estou com a Carol, la em cima...
só que achei tudo sonóro, e muito...
significado ?...besteira !...
afinal, tudo vira catarse !
e viva a música embutida em tudo !
legal, Heyk !
Adorei!!
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