terça-feira, 29 de setembro de 2009

Minibiografia


Não me quero com o tempo nem com a moda
Olho como um deus para tudo de alto
Mas zás! do motor do corpo o mau ressalto
Me faz a todo o passo errar a coda.

Porque envelheço, adoeço, esqueço
Quanto a vida é gesto e amor é foda;
Diferente me concebo e só do avesso
O formato de mulher se me acomoda.

E se a nave vier do fundo do espaço
Cedo raptar-me, assassinar-me cedo:
Logo me leve, subirei sem medo
À cena do mais árduo e do mais escasso.

Um poema deixo, ao retardador:
Meia palavra a bom entendedor.



Luiza Neto Jorge

3 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Soneto como um golpe. Belo golpe!

L. Rafael Nolli disse...

Muito bom! Tem um arremate e tanto!

Cristiano Contreiras disse...

Muita sensibilidade por aqui, parabéns a vocês! gosto de inteligencia na blogsfera! :))