Não me quero com o tempo nem com a moda
Olho como um deus para tudo de alto
Mas zás! do motor do corpo o mau ressalto
Me faz a todo o passo errar a coda.
Porque envelheço, adoeço, esqueço
Quanto a vida é gesto e amor é foda;
Diferente me concebo e só do avesso
O formato de mulher se me acomoda.
E se a nave vier do fundo do espaço
Cedo raptar-me, assassinar-me cedo:
Logo me leve, subirei sem medo
À cena do mais árduo e do mais escasso.
Um poema deixo, ao retardador:
Meia palavra a bom entendedor.
Luiza Neto Jorge
3 comentários:
Soneto como um golpe. Belo golpe!
Muito bom! Tem um arremate e tanto!
Muita sensibilidade por aqui, parabéns a vocês! gosto de inteligencia na blogsfera! :))
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