quinta-feira, 23 de julho de 2009

Imagem: Água (Arcimboldo)
Na Malásia

Na Malasia faz frio
Quando chovem pardais
E os sustos de amanhã dormem ainda
Seus lentos
Suspiros

Na Malásia tem gente que acredita
Em brincos de jade amarelo
e faisões tropicais
Ainda meninos

Na Malásia, sou moura.
Tenho pássaros nos pés e um lagarto por companhia.
Às vezes ele me morde.

Na Malasia cultivo cisnes vermelhos
Que em junho viram girafas de duas cabeças
e em dezembro sorriem.
Na Malasia é domingo
todos os dias da semana
E de vez em quando neva
Dentro de casa.
Na Malasia politicos são corvos
Devoram carniça nas praias
e vomitam
lindos poemas de amor
sem nenhum sentido

Na Malasia todos os crimes
são capitais
de paises imaginários.


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8 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Intrigante - parece um mundo outro...

Imagens a rodo!!! Fiquei tonto...

Hercília Fernandes disse...

Que texto, Helena!?

Destaco uma de suas magníficas passagens/paisagens:

"Na Malásia, sou moura.
Tenho pássaros nos pés e um lagarto por companhia.
Às vezes ele me morde"...

Maravilhoso! As imagens se descolam do poema e vem nos habitar.

Muito, muito bom. Parabéns!

Beijo :)
H.F.

Adriana Godoy disse...

Mutio lindo seu poema...nos transporta para outras terras, outros significados. Parabéns.

L. Rafael Nolli disse...

Poema mágico, encharcado de simbolismo. Helena, um poema surpreendente, rico, gostoso de ler - muito bom!

Renata de Aragão Lopes disse...

Faço coro com os colegas, Helena!
Um poema quase enigmático...
Um beijo.

Helena disse...

Obrigada Bardo, Hercília, Adriana, Nolli e Renata. Minha Malásia tenta ser uma Pasárgada mais surreal.

Deve ser uma coisa bandeirina este negócio de terras imaginárias. Ou é de todo poeta mesmo

grande beijo,

Helena

Benny Franklin disse...

Gostei, Helena!

Benny Franklin disse...

Muito bem construido!