"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
(Álvaro de Campos - trecho de Tabacaria)
1
nada sei
a não ser
do seio
do nada
: nódoa
que detona
tecidos
: nódulo
no dedo [médio]
do tédio
nada
nas mamas
calejadas
da poesia
ainda encontro a cura
seja na bula
na bíblia
na cabala
uma fuga
na bala
na agulha
2
nada sou/
serei
a não ser
um sopro de
savoir-faire
: adega
- demi-sec -
do saber
: adaga
- cega -
da sabedoria
nada
na língua
flácida
da poesia
ainda acho abrigo
seja nos livros
nos discos
nos vídeos
alguma verdade
na vaidade
no vício
3
nada sei
além do que
não paira
mínima
dúvida
: tudo enfim
finda
em nada
ainda resta
uma saída
valéria tarelho
10 comentários:
Somos um sopro de migalhas de estrelas..somos tudo em partes, somos tudo no que já é nada...
bela composição poética em seu tema. Perfeito. a gente se sente'
cintia thome bj
Sensacional!!!
Brilhante!
Divino poema!
Fora de série. Fico besta, a Valéria é gênio.
Arrebentou !
gostei muito do estilo, fez muito com poucas palavras...
Um beijão.
Consegui ver o "nada"
Adorei !
Minha vizinha num é fácil. Arrebenta a cerca, invade o quintal e ainda molha as plantas!
Ps. que diabo será que eu quis dizer com isso...
Valéria, maravilhoso o poema.
poema articuladíssimo
em talhes
e detalhes
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