quarta-feira, 6 de maio de 2009

A evolução

Pacífico é ser oceano? Supor outra coisa é desaver avidez de maré. Escrevo para tornar-me factível e depois toda água que evapora. Toda mulher renova, quando a liberdade sabe mais de abrir portas que as chaves. Eu nunca tive idade. Cada vez que me despeço, o horizonte me abre janelas. Envolvo a vida nas asas das coisas-pés. As coisas têm vida. As pessoas, uma coisa dentro. E os cheiros têm braços. Desfaço-me dos fios de lágrimas do tempo, quase cambriana. O amor presume a evolução. Do poema restam fósseis. Respiro as frases, animo os desdizeres da alma. Pelo sangue, o veículo-corpo pisa o chão da terra. Todo dia o sol nasce no peito. A imaginação não tem paredes. Estico a rede nos coqueirais da vila. As pessoas daqui têm pressa. Ser humano carrega osso. Depois de moço, a carne desfibra. O espelho é testemunha das horas. Existo agora. O que é a bússola da vida?


6 comentários:

Beatriz disse...

gostei Flávia. eu não tenho mais idadepra ter idade;))
Hoje me detenho. Só levo a sério, aquilo que gosto. E ser oceano e ainda o Pacífico não é nada fácil. Lindeza, parabéns pelo texto.

Adriana Riess Karnal disse...

Muito bom texto mesmo, sem pele e osso, assim cru em suas metáforas de evolução.

Renata de Aragão Lopes disse...

Seu texto,
além de lindo,
é inspirador, Flávia!
Fiquei com vontade de escrever
a partir de várias de suas frases...

Tenório disse...

'Ser humano carrega osso'. Muito bom isso!

BAR DO BARDO disse...

uma evolução em espiral anímica...

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Evolução do ser atraves do tempo...poeta é assim . Excelente texto. ab
cintia thome