domingo, 12 de abril de 2009

Ó senhor

Ó senhor que estás ausente,
De ti vem só silêncio.

Ó senhor,
Perdoai-nos
Se não sabemos
O que fazemos.

Pois não somos apenas crianças?
Infantes doutrinados pelo medo,
Mitologias, mágica?

Silêncio
Silêncio
Silêncio

Podemos desvelar as plantas, as coisas.
Desvelamos a nós mesmos.
Mas sempre crianças
Que sonham,
Que brincam,
Que riem
Uma risadaria de choro.
Que des-cobrem
Com um olhar oblíquo.
Que exalam
Uma vontade laça.
Que desejam
Um lançar-se sensual e sorrateiro.

Dai-nos isto que é apenas a vida.
Apenas aqui agora, eternamente dai-nos.
Eternamente o mesmo, dai-nos.

Dá tu
Dê ele
Demos nós
Dai vós
Dêem eles
Nesses Dedos
Jogando Dados
DáDêDemosDaiDêem

5 comentários:

Anônimo disse...

Grande Canario, pensador e poeta nato,voando pelas entranhas do cérebro e alegrando a vida e a mente de seus leitores. Parabéns. Grande poema.
ROGÉRIO dj

Guto Leite disse...

Gostei bem do poema também, mas para mim ele começa a falar mais do meio para frente do que antes! Parece uma correia complacente que soltas para correr livre, enfim... Pensarmos! Grande abraço

l. rafael nolli disse...

Estou com o Guto até certo ponto. O início é um pouco morno mesmo, mas cria uma atmosfera bacana, cria um ponto interessante de desenvolvimento. Uma pena é a última frase, que vem destoando do restante do poema de forma muito significativa.

Beatriz disse...

Eu não estou com nenhum dos dois. Achei corajoso mas confuso. Pra mim deveria começar
Desvelamos a nós
Crianças ....e ir até o fim nessa beleza de fluxo fonemático que nos enlaça.
E, sem perder o humor, achei que ao final ia acabar em Daime

Sergio Kroeff Canarim disse...

Olá como já disse antes, um poema é a cada vez e por cada um desvelado de forma parcial. Ninguém é capaz de descortinar toda a verdade do poema. Isso que o torna interessante, ele sempre - e a cada vez - é incompleto e parcial. Como um cristal possui muitos lados. Eu enquanto autor, tinha alguns objetivos especificos que morrem comigo. Mas é necessário lembrar-los que a arte está em movimento, assim como tudo que há. Digamos, que certas assimetrias são necessárias numa pós -modernidade de ordem e caos.