as ruas estão cheias
as vitrines, decoradas
as calçadas, derrapantes
as noites, mal dormidas
dezembro se repete
exatamente como antes:
todo ano, a mesma angústia
entre luzes coloridas
de onde, esse nó na garganta:
é dezembro que o agiganta
ou ele vem das despedidas?
de onde, esse aperto no peito:
ele viria de qualquer jeito
como selo de horas perdidas?
e as pessoas se cumprimentam
como se fossem todas queridas...
para que abraços forjados
quando as testas estão franzidas?
dezembro se repete
exatamente em pormenores:
a ceia pelos lares
a tristeza aos arredores
entre estrelas e guirlandas
e velas e altares
e piscas nas varandas
todos se afligem em sigilo:
como de si fazer festa
se o que se quer é asilo?
Publicado em 18 de dezembro no Doce de Lira.
Ilustração de Fabrícia Batista.
4 comentários:
Renata, perfeito. Tenho muitas inquietações sobre 'dezembro'. bjs
é exatamente isso...
alegria desolada,
tristeza declarada...
a poesia é ótima !
Risos ,visitei a pouco alguns blogs e neles é claro em sua maioria, o tema é o natal, há textos maquiando todos os dizeres deste poema, é que acho que a gente tem medo da verdade, melhor, de encarar a realidade...
Perfeito, me fez pensar sobre este dezembro..
Abraço
Lindo poema, Renata!
Abraços!
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