Fotógrafo selecionado para o 27º Salão Arte Pará. O salão é um dos mais representativos do Brasil.
[Orquídea Selvagem]
I - O tempo, Pai,
esse foge [tragicamente] da vida
num saudar de lágrimas talhadas.
Céu a céu
eu tenho te caçado
e só descansarei
quando eu puder te ver
nos aposentos ilógicos onde perdura
a lógica.
II - Com esse réquien, Pai,
o que mais quero
é dar-te um beijo.
Um beijo que descreva
a pretensão de voltar a te encontrar.
Um beijo que revigore a confiança
de jamais te deslembrar.
Um beijo que ilumine
a idéia de revê-lo novamente nalgum lugar.
Um beijo que crucifique
o sono que te levou para longe:
e não tão longe que eu não possa suportar
todo esperançoso.
III - O tempo, Pai,
esse caminha [irreversivelmente] para morte
num abraçar de metáforas retalhadas.
Voo a voo
eu tenho posto diante de ti [oh, metafisicista!]
palavras com frequências bennyanas:
Musgos com edemas beatniks
e rastros reversíveis de mim
− desses que coabitam e adolescem
ao período que copulam
apenas expiações.
IV - A tua falta, Pai,
é a consumação de cada baque,
é a germinação de cada sutileza,
é o silêncio obsequioso
de cada lastro estelar,
é a valentia maquinal do orvalho
que deságua na velocidade da lágrima,
é a ejaculação, Pai,
da colheita rala;
o fugir veloz do antes-cio
que nas mãos espalmadas
fez-se um pilar do estio.
6 comentários:
intrigante réquiem "Orquídea Selvagem'...quando as poesias se moldam em lembranças e esperanças!
muito boa!
ns
Belissimo réquiem, na matafórica poética bennyana. Grande abraço.
este é meu segredo:
elas me fazem chorar
as flores de gérberas...
o tempo
é levado da breca
sem break
Benny, esse tocou fundo. Rasgando a carne.
Abraços!
sem comentários...
(ou, qq coisa que se comente, é bem aquém...)
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