quarta-feira, 5 de outubro de 2011

TAPUMES METAFÍSICOS

Fotografia by NãoSouEuéaOutra

I

Poesia obstinada!

Cócega e tráfego
sem a turgescência dos insurrectos logradouros.

Oh, cântico marginal!
Os homens agem
[ao feitio de suas náuseas estranguladas]
soberbos e mórbidos:

Tal como a proeza de evacuar
o verbo ereto e as palavras lúdicas
[como cordas sem pescoços e silhuetas também sádicas]
os estômagos carnívoros se suportam mais íntegros
à medida que não se medem por frouxidões e prantos.

II

Poeta ignorado!

Ácido e gosma de coexistir exprimido.

Oh, servilismo e usança de acasalar!
Os travessões e as vírgulas não almejam
nem a aguardente doentia
e nem o fuçar das línguas oprimidas...

III

Mergulhado em lágrimas
eu sopro pelos interstícios dos tapumes metafísicos
as minhas melancólicas palavras...

Ai!... Os soldados me hão de reconhecer,
e se alimentarão das multifacetadas bromélias dos trôpegos.
Outros soldados e outros poetas calcularão as dores vencidas,
a covardia ejaculada do aço,
a fúria do endêmico cansaço,
mas não a poesia de mim!

© Benny Franklin
São Luis/MA

10 comentários:

Sidnei Olivio disse...

Grande Benny! Um cântico grego!! Abs.

Francisco Coimbra disse...

CANTO MARGINAL

seu canto marginal,
como só o são as palavras
quando sobem
seguindo uma espiral
onde se muda de nível
a cada círculo aberto,
num ciclo infinito!
Assim

A_braços!!

BAR DO BARDO disse...

Metáforas dementes!...

Abraço, Benny!

L. Rafael Nolli disse...

Benny, é aquela coisa: poema visceral!

Gerardo "Von" disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gerardo "Von" disse...

Caro primo Benny, buscaste São Luis, terra de notáveis poetas, como fonte inspiradora para ejacular metáforas dementes?

Fiz um Ctrl-C / Ctrl-V de sua poesia no blog da ASDECON http://asdecon.blogspot.com/
Forte abraço!

Lígia Saavedra disse...

Querido Benny, grande Poeta de verbos esporrados em minh'alma prosaica que pouco entende de ti, mas que aplaude teus vôos.
Grande bj, amigo

Harley Dolzane disse...

grande Benny...

quem sabe do Jura, sabe muito bem esse teu poema...

quem não o sabe, sabe também.

Carpe diem!

Humberto Firmo disse...

A poesia e o poeta:
uma, um cântico marginal;
O outro, entre sinais lingüísticos,
desvenda o que os outros ignoram.

Depois...

Dois soldados, eretos, em prontidão:
um, alimentando-se do que é carnívoro.
O outro, racional, cartesiano,
achando que Benny é euclidiano.

É preciso ter fúria e estômago,
pra sentir esse sopro que passa entre os tapumes.

Grande abraço meu amigo!

OCTAVIO PESSOA disse...

Amigo Benny,

Repito sem constrangimento, o que alguém já comentou: poema visceral. Vá em frente, amigo.