segunda-feira, 5 de setembro de 2011

VOCIFERAÇÃO ACLAMADA A UMA SÓ VOZ

Fotografia: Névoa [PRIMORDIAL] by NãoSouEuéaOutra

Para o poeta Sidnei Olivio


I - Poetas:

Ecos recozidos.

Verdugos com ogivas multifacetadas nas lapelas.

II - No afã de praticarem sodomias literárias
cravam dedos de madrepérolas nos olhos dos poemas malditos
[o célebre tirocínio, a penetração]
e suprimem troncos ventosos.

Foi-lhes dito que não fizessem dano à primavera.

Ai! A erva da terra
trouxe-lhes flores ambidestras
penduradas em verbos aclarados
e deu-lhes o fulcro da rasteira,
o prazer do bolor.

III - Poetas:

Sabes como tecer vestal de ocre,
sabes expiar?
Sabes como esboçar vulva de enxofre,
sabes medir?
Sabes como sarar dores fosforescentes,
como sacrificar?
Sabes torturar névoa do avesso,
como trucidar?

IV
Poetas:

Dizem que a atmosfera do nada é preciso,
e pouco vocifero alguma coisa.

© Benny Franklin

3 comentários:

Anônimo disse...

A metralhadora giratória sem alvo: atinge-o (o alvo sem). (O verbo atingir é danado!)

Sidnei Olivio disse...

Caro Benny, estive com problemas para registrar comentários, não sei o que aconteceu. Muito obrigado por esse belíssimo poema a mim dedicado (vou emoldurá-lo!!!). Fiquei comovido. Abração.

L. Rafael Nolli disse...

Belo poema. Tem o toque do Benny, que é ímpar. Sidnei, presentaço. Parabéns aos dois.