quarta-feira, 13 de julho de 2011

árida


o que me arranha
não são suas garras
decoradas com estrelinhas
afiadas no carinho
peito abaixo
nem seu jeito felino
de andar de quatro
não é sua língua
na minha orelha
nem seu dedo na ferida

o que me arranha
não são os dados flamejantes
do olhar perdido
ontem quando onde?
muito menos os díspares
bicos dos seios
a confundir direções
e desejos

não os galhos da roseira
que você plantou
embaixo da minha janela d'alma
nem as agulhas de fogo
e gelo
do teu hálito de fêmea

é a impossibilidade do oásis
_água sombra tâmaras
o que me arranha
são os seus desertos

...

república das olandas

8 comentários:

BAR DO BARDO disse...

mesmo nos desertos
a lira
liquida

Ana Ribeiro disse...

Apesar do deserto, o lirismo é de afogar.
Que belo!

Anônimo disse...

bardo:
brigadim pela leitura compreensiva...

Anônimo disse...

ana:
:)

Adilma Barros disse...

Qual a tua inspiração??

Anônimo disse...

adilma
_o poeta é um perdido sem remissão.
um ronin, saca?
samurai desonrado, condenado a vagar sem mestre, à procura do que só 3 seres sabem...
brigadim pela visita.

Adriana Godoy disse...

Maravilhoso, Samuca, seus, meus, os nossos desertos....bj

Tomaz disse...

O legal é fazer chover no deserto !! Belo poema, meu caro !

Abraço !