domingo, 5 de junho de 2011

POESIA DE DUAS FACES

Fotografia: Writing a Book [Tranкov → in Human activity]


Eu sou contraditório, eu sou imenso. Há multidões dentro de mim.
Walt Whitman

Minha outra face é sua...

Verás que de pouco adiantou esconder-me
na volúpia-idade do passeio da chuva.
O receio de que tu és impávido retrospecto
é o receio de uma ervilha
que nunca germinou
liquefeita. 

[Tento de todas as formas imaginar o ranço amordaçado
flutuar no pensamento líquido
e brochar no nervo tácito
que se abre e fecha
às bordas dos rostos enrugados
e me entristeço só de imaginar o trôpego palito
golfando hálitos de brochuras 
nas ventas viscosas
dos homens conjugados [com os pés possuídos
pela ausência]
com a possibilidade de auto-transformá-los
em rastros de palavras mórbidas]

II
Sua outra face é minha...

Notarás que de nada valeu
o ranço do oxigênio gozar amordaçado.
Será que alguém sorri ao me ver ofendido
perante a idade-volúpia
que nada estancou
ou sequer corroeu
os gemidos anacrônicos?

Ah! Diante do destino 
as risadas adquiridas
arrastam-se pelos dias consecutivos...
E por trás dos fôlegos estáticos das bocas líquidas
fecham-se portas e abrem-se janelas
das mordeduras do exame de consciência,
porque não temem o nervo-brocha
fundir as vozes num instante de rima
― e sua última esterilidade.

2 comentários:

Joe_Brazuca disse...

D+, Benny !...hiper-cinema !

abs

Sidnei Olivio disse...

Benny, cada vez que leio poema seu, como esse de agora, descubro novas imagens e tantas são as possibilidades... Poeta de primeiríssima linha, você é um dos melhores. Abraço procê.