segunda-feira, 6 de junho de 2011

os uivos do vento

com sua preta capa de capuz se camufla no escuro.
a noite o envolve
como um mau presságio. insone, desfila na rua erma
como uma extensão
do asfalto. sem dar conta do destino, percorre bairros e praças
no fundo
dos mais supérfluos pensamentos. o vento sacode
as placas de sinalização
balança as árvores na calçada e desvia o voo rapinante das aves que rasgam
o silêncio
com um grito agudo. o mesmo vento condensa as nuvens escondendo a lua
já minguante, sua derradeira espectadora. por um instante hesita os passos
e finalmente para. espreita. ofega. e apura os ouvidos.
dobra a esquina.
acena ao táxi e, sem disfarce, volta ao princípio.
não era hora de passar a limpo seu passado sujo. nem
era noite de possível transmutação.

3 comentários:

rui teresa disse...

extraordinário poema. os movimentos do quotidiano, cobertos por uma névoa de intermináveis recomeços... o ciclo!

:-)

João Vitor Fernandes disse...

Desistiu ou adiou? seja como for teve medo das conseqüências.

Abraços!

Benny Franklin disse...

Beat...