domingo, 8 de maio de 2011

Votiva de Nunca



Que, desavisadamente e sempre

chovam tristezas em sua nunca paz
e o poder do seu abraço intenso
nunca evite o transbordar da dor.

Que o gozo não se faça orgasmo,
a mulher dos sonhos
não te satisfaça em nada
e a abundância da mesa à sua frente
nunca vença a fome
ou cesse a sede que te mata.

Que nunca, nunca sintas gosto!

Que não te assustem as distâncias,
sempre vás em busca
e que nunca encontres.

Que, ao voltar de mãos vazias,
a brisa não te alivie as costas
da carga de ser ninguém

e o Sol negue-se a aquecer,
em desconsolo,
a impotência do que foi em vão.

Amém.

Um comentário:

Francisco Coimbra disse...

Bela oração “Votiva de Nunca” desafiando o inconformismo, dando voz à voz da poeta a pugnar pela liberdade de todas as resistências e todas as conquistas. «Que não te assustem as distâncias», pegava neste verso para pedir escrevas para o endereço: franciscocoimbra@hotmail.com
Terminei tua leitura lendo o «Amém.», o final apropriado! Bjs