sábado, 14 de maio de 2011

poema em desalinho

ilustração de Gabriela Andrade com trecho do Poema em Linha Reta, de Álvaro de Campos


ser de torcer o nariz
sem temer a sorte
e sua foice

ser acinte
ser açoite

ser um demônio
o anjo em si
sem temor ao fogo
e sua fonte

ser afronta
ser o front

ser a faca da palavra
fincada à fala flácida
sem render-se ao jugo
e a farsa da jogada

ser o saque
ser o sangue

[soco que lambe]

em suma ser
alguma teima
que não tema

ser poema


valéria tarelho

3 comentários:

João A. Quadrado disse...

[acutilante, ampola de palavra vertendo, um pouco de mundo, um pouco de sangue, batendo acutilante]

um abraço,

LB

Anônimo disse...

putz!
"ser a faca da palavra
fincada à fala flácida
sem render-se ao jugo
e a farsa da jogada"
...
calado estou, calado fico...

Anônimo disse...

poema com "ódio nas veias e sangue na boca"