sexta-feira, 8 de abril de 2011

PAZ PURPURINA, CAOS EM PERSPECTIVA


[foto (c) Stael Azevedo]

...
minha face rubra de tesão e fé, segue faminta de subir às paredes do mundo
e de gritar sem dedos e sem medos de espécie qualquer
impreciso, intruso, meu resquício de solidão dá adeus, olhando de soslaio da janela mais longínqua desta casa desassombrada.

aqui
neste instante sem novidades, apenas grão de sonho semeado
[eu] tô cantando de tão cansado que [eu] tô, sem saber cantar
sem saber de ti, sem saber de ontem, sem saber de mim
suportando a doçura do caminho à espera da doçura do carinho
diante de minha ansiedade, ante minha vontade tresloucada de enloucrescer, quero ficar, quero subir nas paredes do mundo
quero ir fundo, bem fundo, quero subir
preciso me jogar [de pronto] de cabeça, quero
que me espere, antes que me esqueça.

por aqui
não há novidades, apenas o silêncio que lamenta a própria sina solitária do nada mais nada
respiro profundamente e deixo-me à vontade, pés em terra
na sede que me consome, na dor que me engole
na vontade que não cessa a sorte que não tem pressa
a vez, a voz, a tez, a morte, o norte, além do cais, há o caos e mais além ainda há o por vir.

perto daqui
mora meu coração de redemoinhos rodopiando feito treliças em noite de novela mexicana, além do cais, do caos, do céu, do sol, do sul, dos sins
nosso mantra, não pode ser este incessante choro de todas as horas, de todos os dias...

2 comentários:

Francisco Coimbra disse...

Seleccionando o teu marcador (Cleber Camargo Rodrigues), já temos uma impressionante viagem ao mundo dos sons em escrita alfabética! Dou parabéns!!

«minha face rubra de tesão e fé»,
Cleber Camargo Rodrigues, no poema
PAZ PURPURINA, CAOS EM PERSPECTIVA

DE PALAVRAS FEITO

minha face rubra
é uma cabeça careca
inchando toda de desejo

sou nu meu corpo
o tesão todo

falo como falo inchado.!.
Assim

BAR DO BARDO disse...

Uma viagem. Para o a(l)to.