segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Depois




Dedilhei canções
Escondi tufões
Neguei perdões
Evitei senões

E nessas pegadas
ainda fincadas
em meu caminho,
está o desalinho
de todas as cores
e até dos sabores
que desistimos
de viver juntos.

O tempo que corre
e escorre feito água,
não ameniza a mágoa,
não maquia a falta,
e não te exclui da pauta
dos meus planos,
hoje banhados
em tantos enganos.

Nem a frase mais certa
estancou a ferida, ainda aberta.
Nem o beijo mais quente
saciou esse querer, demente.
Nem o gemido, feito à dois
abrandou a dor, do depois.

(Foto: Robson Bolsoni)

6 comentários:

rogerio santos disse...

Opa...
Muito bonito texto...
Tem uma musicalidade incrível...

Abração,
Rogerio

Bela Ju disse...

amei... fiz um copy cola no meu blog, pra não perder de vista um poema tão belo!
abraços,
Ju

Poesias Partidas disse...

Gostei muito desse poema, realidade, vida vivida. Muito bom!

Abraços,

Francisco Coimbra disse...

Não é fácil comentar um poema, uma síntese feita presença da palavra a traduzir o mundo feito inspiração. Acredito ser este o movimento certo da respiração contida na presença do momento, es_se… onde o poeta compõe a sensibilidade de que dispõe e põe ao serviço da língua transformada em “linguagem plástica”. As marcas dessa plasticidade, bem presentes neste poema. Parabéns!

BAR DO BARDO disse...

moto-contínuo

Lírio Amarelo disse...

Costumam dizer..''nao escrevas dos sentimentos que tu nao sentes''
E esse poema foi a maior prova de que havia um sentimento no autor que escrevera. Tao suscinto e transparente, inebria e assombra a pessoa amada, da saudade que sentes, do amor que ainda o invade.
Parabens!
Belissimo!