segunda-feira, 4 de abril de 2011

Niterói

minha cidade
já foi sorriso
já foi gargalhada
o Rio tinha tudo
nós tínhamos
nada
mas nadávamos
até o outro lado
com a vergonha
embarcada


aí vieram os milicos
com sua ponte
pesada
unindo o tudo
que não tínhamos
ao nosso querido
quase nada
que progresso!
que sucesso!
que beleza!
que roubada.


hoje sou um homem-ponte
já nem me lembro
do belo horizonte
onde ela
não estava


hoje sou um homem-pedágio
e sigo ágil
na minha jornada
onde a ponte me leva
entre o tudo
e o nada


o fato é que sigo
e trago comigo
a garganta e a vida
engarrafadas.

6 comentários:

Rosangela Ataide disse...

Cara conterrâneo, agora além da ponte, chegam-se a nós os alemães do complexo, que nos invade, via mar, via ponte, via internet... Acredite! Semana passada me vi em uma situação inusitada. Fugi de catamarã para o Rio em busca de paz, já que o Preventório estava em guerra com a polícia!
Dá para acreditar?
Quem diria amigo.
Abraço!

Joe_Brazuca disse...

Bela homenagem...mesmo que seja as avessas...

muito bom !

abs

kiro disse...

Forte, belo e envolvente... até desnecessário que te comente!!!

Tião Martins disse...

Niterói é a melhor cidade do mundo. Convido todos a conhecerem.

BAR DO BARDO disse...

Desconheço.
Mas já começo...

Francisco Coimbra disse...

Chama-me — atenção a importância da ponte — nu modo de realçar a sua presença no seio da forma trazida para a linguagem — marcando o final de dois versos com homem-ponte e homem-pedágio. Este homem é o narrador cinematográfico deste poema, poema que relendo me obriga a destacar esta impressão que guardo e deixo ficar em evidência. Parabéns!