segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

o avesso do desejo

 
















te encontraria
no deserto
às dez e meia
tonto de luz
passos trôpegos sobre a areia movediça


eu te desnudaria
meio-dia
sol a pino
e te manteria prisioneiro
até que tingisse
a tua pele
o mais negro ou rubro tom
e cegasse os teus olhos o sol da tarde


te abandonaria então
nu e insone
meio às sombras
sem sonhos
onde te escondias das noites quentes
de antigos janeiros


por fim partiria
liberta
de ti
e do cárcere gelado
dos interditados verões do teu amor


desejo ao avesso
ainda pulsando em mim






Márcia Maia




imagem: lilya corneli©

4 comentários:

Henrique Pimenta disse...

amor em pó

kiro disse...

Que delicia... Quisera eu também liberta de amor antigo, viver novos janeiros...!!!

Anônimo disse...

um belo poema. beijos
Flávio

L. Rafael Nolli disse...

Márcia, poemaço! Perfeito!
Bjs!