O que é poesia (Ashbery)
A cidade medieval, com frisa
De escoteiros de Nagoya? A neve
Que vem quando queremos que venha?
Belas imagens? Tentar evitar
Ideias como neste poema? Mas
Voltamos a elas como a uma esposa, deixando
A amante que desejamos? Agora
Terão que acreditar
Como acreditamos. Na escola
Todo pensamento foi penteadinho:
O que restou é como um campo.
Os seus olhos fechados poderão senti-lo por muitos quilômetros.
Agora, abertos numa trilha vertical.
O que poderia nos dar em breve? Algumas flores?
What is poetry
The medieval town, with frieze
Of boy scouts from Nagoya? The snow
That came when we wanted it to snow?
Beautiful images? Trying to avoid
Ideas, as in this poem? But we
Go back to them as to a wife, leaving
The mistress we desire? Now they
Will have to believe it
As we believed it. In school
All the thought got combed out:
What was left was like a field.
Shut your eyes, and you can feel it for miles around.
Now open them on a thin vertical path.
It might give us - what? - some flowers soon?
Dois poemas de Marie-Clotilde (Roose)
Canto livre
um corpo fresco à
borda da manhã
uma só existência
que louva e jubila
a existência
o pé direito do céu
se junta ao horizonte
ó terra fértil!
às vezes o poema
semelhante a uma prece
funde-se e dança
ao ritmo subjacente
conduz a existência
na justa medida.
Libre chant
un corps frais à
l’orée d’un matin
il suffit d’une existence
qui jubile et loue
l’existence
la droite ligne du ciel
rejoint l’horizontale
ô terre fertile!
parfois le poème
semblable à une prière
fuse et danse
au rythme sous-jacent
il porte l’exister
à sa juste mesure.
* * *
Um círculo se expande
gira sobre si mesmo
espiral sedosa
e perfumada
uma haste lhe transmite
um novo vigor
o cálice dança
sobre a ponta sonora
essências suaves
se misturam
até que se irrompa
do círculo a flor:
ó oitava perfeita!
Un cercle s’agrandit
il tourne sur lui-même
spirale soyeuse et
odoriférante
une tige le porte
d’une vigueur neuve
danse le calice
sur la pointe chantante
les parfums suaves
jouent entre eux
jusqu’à ce que jaillisse
du cercle la fleur:
ô l’octave parfaite!
(Traduções de Henrique Pimenta)
8 comentários:
Domingo promete e cumpre...
traduções que conseguiram manter a nobreza das letras dos poetas em questão.
um deslumbre!
Traduções perfeitas, Pelo menos as de
John Ashbery. Que poema, meu Deus!
Acredito que Marie também recebeu a tradução pelo que me lembro do francês.
Parabéns, mestres!
Beijos
Mirze
↓
Traduz.you!
Traduz idos...
o pé direito do céu
se junta ao horizonte
ó terra fértil!
"O horizonte é o rodapé"!
O longe se juntando ao perto!
"Mar há, vi... ilhou-me!"
Oh not!
Bravo, Henrique! Poemas belos e traduções idem.
Parabéns pelo ótimo trabalho, seu do Bar ! Opa, Bardo! ;)
Abraço
Porretíssimo!
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