A morte não tem avenidas iluminadas
não tem caixas de som atordoantes
tráfego engarrafado
não tem praias
não tem bundas
não tem telefonemas que não vêm nunca
a morte
não tem culpas
nem remorsos
nem perdas
não tem
lembranças doídas de mortos
nem festas de aniversário
a morte
não tem falta de sentido
não tem vontade de morrer
não tem desejos
aflições
o vazio vazio da vida
a morte não tem falta de nada
não tem nada
é nada
a paz do nada
Ferreira Gullar
4 comentários:
Hummm ohhh coisa díficil!
Deslumbrante.
a morte. é raro eu ler sobre ela que me agrade. esse me fez ter vontade de reler, e tresler.
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