domingo, 19 de setembro de 2010

É inútil a palavra

É inútil a palavra
Aflorando das murchas manhãs de inverno
Rasgando a carne de nomes que se confundem
A outros nomes e almas que se dissipam
Na neblina turva do ar sepulcral
Que se eleva
Na orla intangível da vida.

É inútil o verso
Travestido de incongruências e dissonâncias
Que escapam entre os dedos
Transbordando medo e insônia
Tédio da vida escassa de anseios
Que perpetua a inalterável
Transposição rotineira das horas.

É inútil a poesia
Impregnada do ocaso dos dias cinzentos,
Seu sopro morno nas têmporas
Rotulando o caminho impreciso
Em tempos de angústia e espera
Lamento intenso – quimera –
Por ver toda a vida perdida.

7 comentários:

Anônimo disse...

Uau!

Adorei.

L. Rafael Nolli disse...

Pois, é Flávio! Li e reli esse poema, sempre muito bom!

Tenório disse...

Uau mesmo! Isso para não falar um palavrão que me seria mais util e preciso. Fenomenal. Instantaneamente já é um dos meus poemas preferidos aqui.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Sem palavras... Amei!

Lírica disse...

Melancolírico, se me permite o meologismo. Muito poético e triste, ao mesmo tempo.

flaviooffer disse...

Valeu pessoal!
É sempre bom tê-los por aqui.
Abraços calorosos a todos!!!

Hercília Fernandes disse...

É inútil, porém integra as inutilidades necessárias...

Beijo, Flávio.
Amei o poema!

H.F.