quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Memórias esquecidas




meu nome? que importa?
nasci nu e descalço
sem deus nem poesia

cresci, tive leito, teto
leite fresco das tetas
que tanto suguei

meu nome? que importa?
cheguei vazio
sem crença ou melodia

pisei barro, grama, pedra
cheirei mato, fumaça
chuva a apagar poeira

meu nome? que importa?
chorei, deveras
sem saber a cor do dia

tomei banho de chuva
em trilha de beijos
sob a luz da lua.

3 comentários:

Tenório disse...

que belo poema! que despretensioso, e por isso mesmo, sensível, tocante. bonito demais, poeta.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

O que importa o nome? importante é o que vivi! Lindo demais!

Francisco Coimbra disse...

O último terceto ilumina de felicidade estas memórias... tristes? Esquecidas... de quem? É a imaginação descalça a pôr o pé na estrada, a cheirar chuva onde antes pó. Pode? Pode! A tanto a Poesia alcança quando, como esta, na imaginação dá imagens fortes! Parabéns.