sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Casario de Lagares



O casario de Lagares
detém antigos olhares
luz da saudade imigrante
espalhada pelo mundo

O casario de Lagares
ainda guarda os olhares
que me encheram os olhos
de lugares

No casario de Lagares
deparei-me com a saudade
estampada na fachada
dos encontros improváveis

5 comentários:

Francisco Coimbra disse...

Poema lido, sentido, pensado... como um lugar onde as palavras tentam guardar... outro lugar. E fazem-no, despindo o nu, expondo a pele nua por onde o poeta respira a saudade... Parabéns!

rogerio santos disse...

Francisco, Lagares da Beira fica pertinho da Serra da Estrela e é a terra dos meus pais e avós paternos. Tive o prazer de conhecê-la em 2004 e escrevi esse texto em agosto de 2005. Depois tive a felicidade de retornar até lá em 2006, na companhia do meu velho pai que estava aqui no Brasil por 53 anos, sem nunca ter tido a oportunidade de retornar a sua terra natal. Foi emocionante.

Então há poemas e poemas. E esse, pessoalmente me é muito caro.

Na volta, olhando as fotos, fiquei imaginando ali, os olhares de minha avó, minha tia-avó, pessoas lindas e queridas, que imigraram por necessidade e por espírito lusitano, que sonhavam em um dia retornar, que deixaram ali os seus olhares para que um dia alguém os visse e traduzisse.

Grato pelo comentário, amigo Francisco

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Lindo Rogério, e os olhares aí presente ficam para sempre!

L. Rafael Nolli disse...

Rogério, muito bom o poema. Tem um sincero de quem foi tomado pelo tema.

Francisco Coimbra disse...

Rogério, Não me enganei vendo/lendo no poema uma peça de sentimento. Meu pai também é Beirão como o seu, eu já nasci citadino na Beira Litoral. Abraço transatlântico!