Fotografia by Sidclay Dias
Para JJ Paes Loureiro
I
Amargas faces bocas não beijam.
II
Prenhe
no além-mundo da poesia que plana
contenho a rima pura de um só olhar
que cerceia a infertilidade da orquídea
e a branqueza estúpida dos bordéis.
À noite,
no antagonismo entre sentinela e estrela,
alfabetizo mãos inúteis da ressaca
de viver.
III
O dia? Arquiteta
o jirau metafísico
− e goza.
IV
Saídos de escoras,
putos notívagos dos bulevares sem ossos
coexistem apaixonados;
voejam pelas impotências das clausuras.
V
Enlaçados aos dogmas dos olhares
alguns puteiros com feitios de bibelôs de alpendre
e outros
como bucólicos ladrilhos
de idosas alucinações
masturbam fragmentos indóceis
e redesenham os mênstruos das poeticidades malditas;
fazem o pávulo sangue
endeusar finas genitálias de lágrimas insolúveis
na pretensão de ser
gente.
VI
Sob a frondosa sumaumeira de escápulas,
acomodo meu tesão
e aprecio o cigarro apagado,
mínguo
na relva que congemina
um astuto plano de fuga
e barbarizo insaciavelmente
a ejaculação que expectora.
VII
Pulsado
pela admirável certeza
de compreender
o céu,
bebo palavras
como um pateta
quase poeta
bebe escoras
incluso
no à toa
em
Belém.
By Benny Franklin
Twitter: BennycFranklin
8 comentários:
Belo, Benny! Maldito, sujo, intenso, belo e verdadeiro.
Esse pessoal aqui está se especializando em poemas-clipes!!!!!!!
benny,
não posso dizer que é a belém que conheci. morei aí entre os 6 e os 9 anos de idade. estudei no colégio moderno. morei na benjamin constant esquina com av nazaré. o poema é lindo. e esta é sua belém, a cidade que o poeta vê. e quem sou eu pra discutir com o poeta?
abs
Belém não é minha... Belém é de ninguém...
Existe "á toa" em qualquer parte.
Estou no à toa de Belém (o à toa é meu e não de Belém)
- que poderia ser em Sampa ou em qualquer lugar.
Às vezes, poema é lãmina.
Obrigado, Audemir.
Benny, muito lindo teu poema!
bjs
Belém do Pará, música no rio a bordo de barco, pôr-de-sol. O sossego numa sombra, corpo quente de Sol, lendo um poema em fragmentos, momentos para visitar a beleza como ela é... na multiplicidade das formas, no inacabado da Hora, a cada momento! Abraço.
Esse é lâmina - e está afiada.
Suas poesias são o vinho que necessitamos para nos embriagar de coisas maravilhosas.
bebemos escoras...a sangue...
Bparbaro como toda palavra de orquídea selvagem da alma...
belisssssimoooooo bjus
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