quarta-feira, 7 de julho de 2010
Por vezes incognoscível
Álvaro e Cíntia iam pra lá quando se sentiam serrados ao meio. Criaram um refúgio incólume, um ninho de vinho e incenso, quase uma homenagem a Eros que não conheciam. Lá, eles também fariam planos quase paranormais e, frente a frente, sorriam de si mesmos, aí paravam e, com voracidade subumana, aniquilavam seus desejos. Depois iam embora. Na volta a este lugar, só mudavam as queixas: os sorrisos e as risadas continuavam as mesmas. Não saturavam as formas animais de partir pros arranhões e mordidas. Cada beijo parecia ter sido reprimido há meses. Com isso, avolumavam as partes, as vontades pareciam durar até não mais existir fim esperado. Naquela cabana não faziam nada, além de desfragmentarem-se.
foto e miniconto : isaias
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6 comentários:
Gosto muito, Isaías. Do conto e do título meio shoppenhoueriano, meio kantiano... Hehehehe.
É como um facho de luz no submundo inconsciente.
Bela forma de falar sobre paixão!
Esse é estupendo, Isaías! Muito, muito bom - simples, de uma poesia ímpar!
Brilhante! A primeira e última frase parecem um paradoxo, mas na verdade são geniais.
O resultado aqui tem um poder de síntese, de condensação de signos. Aí, sim, penso, está o grande desafio de se construir uma narrativa curta e que nos sugira um arremate preciso.
Bravo, Isaías!
vertiginosamente visceral...
esplêndido !
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