a poesia é a privação do silêncio, prefaciou o poeta em seu roubo. o silêncio que agora é quase insuportável, quando a mão escassa de palavras adia qualquer possibilidade. a obsessão do gesto se antagoniza ao deserto dos papéis repetidamente embolados. nenhuma imagem provê a necessidade do verbo. nenhum rumor. nenhuma lembrança. nenhum influxo repentino. nada que impulsione o destro membro ao devaneio da escrita.
à beira do colapso o eremita se projeta no parapeito e atira. letras esparsas. palavras improváveis. frases desconectadas grafadas amiúde nas folhas amassadas. uma atmosfera ready made jamais prevista por Tzara além da espontaneidade do espetáculo. (na madrugada um gari aleatoriamente mistura o catado e não fosse pelo sono de Mecenas se tornaria poeta).
2 comentários:
Belíssimo, pura poesia. beijo
Pureza poética de prima!
E obrigado, Sidnei, por seu comentário em meu poema.
Forte abraço!
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