
Insaciável a parede.
Tão logo pintada,
novamente se enche
de sede.
A perder-se,
quase chega
a coitada:
trinca
e infla,
de si infiltrada.
E, recostada à cabeceira,
como se ainda
à beira de um sonho,
com a tinta
eu me ponho
intrigada,
a indagar:
_ A que assistiu
cada camada?
Pois se logo
se consumiu a parede,
não há de ter sido
por nada.
Renata de Aragão Lopes
Durante leituras de Manoel de Barros.
Poema publicado em 8 de julho no doce de lira.
8 comentários:
Lindo.
bjs
Renata, como no fado "...nem as paredes confesso..." cada camada é um segredo não dito.
Bela pintura em palavras.
Muitíssimo bom!
Cada camada de parede contém mistérios que inquietam, Renata, assim como os seus versos: eles nos fazem percorrer labirintos, desbravar (des)caminhos.
Belo poema, minha querida!
Beijos com carinho,
H.F.
É um belo poema, com certeza!
Obrigada, queridos!
Renata, gostei.
Magnífico poema, uma pintura com mãos de fada.
Abraços poetisa Renata
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