o enterro descia a rua
um homem carregava uma coroa de flores:
...Saudades: esposa, filhos e netos...
a chuva não incomodava o morto
as colinas não vigiavam o cortejo
ocupavam - se com o flerte frenético das nuvens
os carros parados na contramão
a vida seguia indiferente sem se importar com
o morto
os homens bebiam no bar
as mulheres arrumavam as vitrines
os meninos jogavam bola
o morto
não interrompia o curso das horas
não percebia - se nenhuma diferença no vento
ou na correnteza das águas pelas pedras
o morto era o único ausente
ninguém compartilhava da absoluta solidão que sentia.
4 comentários:
Cinematográficos versos. Imagem pura.
Cada palavra é um fotograma (putz! sou da época disso.)
Parabéns!
Olá Flavio. Gostei muito do poema.
Foi meu poema da semana no blog.
Lindo...maravilhoso poema...belissimo
adoro teu jeito de pensar e de teus versos aqui...lindo. ab
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