terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Guarda-chuva-sombrinha preto




Não imaginei caminharmos na chuva, aquele dia, com meu guarda-chuva-sombrinha preto.
Simples, pequeno, com uma haste quebrada a desviar a circunferência da chuva.

Corei ao te ver aproximar-se com aquele meu descuidado chapéu negro. Todo primeiro encontro deseja ser impecável, como o segundo, e o terceiro. Porém, a simplicidade aproxima. Assim seja.

Então chegamos perto, dividindo o abrigo da chuva. Seu braço protegeu meu ombro nu e se alternou na travessia das alamedas me distanciando cuidadosamente da rua.
Um guarda-chuva-sombrinha preto, assim, como o próprio nome diz: o feminino abrigado entre dois braços-nomes masculinos.

Hesitei meu braço na timidez do gesto. E agradeci a chuva.


arte: Marc Chagall

6 comentários:

Lírica disse...

Sublime, feminino em cada detalhe.

Isaias de Faria disse...

texto poético, cada frase da vontade de ler mais.

yule mansur disse...

Agradecemos a chuva. lindo demais :)

Sidnei Olivio disse...

Beleza de prosa poética. Parabéns. Beijo.

Joe_Brazuca disse...

me fez lembrar de cenas de Roger Vadin...bons tempos...

cinematográfico !

Débora Tavares disse...

Alegrias. Obrigada.

beijo
Débora