sábado, 27 de fevereiro de 2010

Do Início ao Precipício


Odalisque, 1921, Matisse


Nada a dizer
Tudo a sentir
Esperar um dia quente de sol
Tirar a roupa pra vida
Reverenciar a dor primeira
Parteira do meu afeto
Do primeiro medo
Sua voz seca, fria, distante...
Mágoa, paixão acesa
E que tomem as correntes de lágrimas
E que amordacem os nós do coração
E que caia a chuva do desespero
E que desça a noite e a solidão
E que meu riso seque o pranto apenas quando eu encontrar alguém disposto a amar
O verdadeiro, primeiro e inteiro amor
Um amor que vê no olhar do outro a janela do mundo
Um amor capaz de dar a mão e abraçar a vida
Um amor capaz de ter a certeza da sua existência
Que nunca quer ir embora
Que não precisa pedir
Que nunca ousa partir
Um amor ancorado
Um amor decorado
Um amor sem fome
Um amor sem sono
Um amor sem desgosto, um amor sem agosto
Amor sem frio e sem condecoração
Sem medalha ou falsa indicação
De janeiro a janeiro
Quantos janeiros vingarem
Um amor que já nasceu semente, brotando da alma e florindo a mente
Um amor que de tão sábio espera
Que de tão vivo, morre e renasce
Que de tão cego, enxerga a luz
No fim do túnel, o amor.
No fim do grito, o precipício.
No fim da ponta do lápis, a cor.
No fim do medo, o início.

3 comentários:

Joe_Brazuca disse...

eis os nossos desejos...

"Um amor que de tão sábio espera
Que de tão vivo, morre e renasce"


bom !

L. Rafael Nolli disse...

Belo poema!

Leo Curcino disse...

que belo poema de amor!