"ontem apenas cem corpos foram enterrados"
diz o repórter ao vivo de porto príncipe
nada de insensibilidade nenhum descaso
questão de matemática pura e simples
onde mais de cem mil morreram onde mais de
vinte e cinco mil corpos em vala comum em dois
ou três dias já foram enterrados — cem corpos
cem mortos enterrados em um dia
é dolorosamente pouco muito pouco quase nada
Márcia Maia
6 comentários:
Matemática de dor.
Belo poema, Márcia!
Eu pareceria a pá do coveiro se comentasse tais mortes... ou as ervas que crescerão sobre os mesmos.
Mas sei que a morte, só um pouco mais nova que a vida, ainda nos estarrece. E se as placas tectônicas, mais velhas do que a vida, ainda estão se acomodando...
Márcia, taí um poema que eu queria ter escrito! Gostei!
Esse poema é de uma beleza extraordinária
bjs
Flávio
Belo texto, Márcia. Não tem sensibilidade barata, é papo sério.
Legal, viu?
sem corpos
(des)humanidades
todos mortos agora
ontem, semi-mortos
por toda hora...
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