sábado, 23 de janeiro de 2010
Meias verdades
se te disser a verdade direi que minto
não pelo inegável prazer que há na mentira
mas por ser branca e suave a taça que a vira
enquanto a verdade é vinho seco e tinto
se minha boca suporta dizê-la inteira
eu creio que a tua não tolera prová-la
não é todo segredo que cabe na fala
as uvas mais acres que fiquem na videira
brinda comigo sem receio ou amargura
que te direi ao meio essa verdade escura
há detalhes que se devem silenciar
as palavras por mim muito bem escolhidas
serão as mais doces dessas uvas colhidas
pra que não as desaprove teu paladar
Renata de Aragão Lopes
Soneto publicado em 15 de janeiro no doce de lira.
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Renata
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8 comentários:
O doce embota o paladar. Boa metáfora para meias verdades.
Os paladares mais acurados são os que foram educados a captar as notas mais suaves e a perceber que depois de degustar o tinto seco, a própria saliva perece mais adocicada. Donde, graças à sua metáfora, deduzo que suportar a verdade traz um prazer... só que um prazer postergado e mais puro.
Renata, belo soneto! Destaco:
"brinda comigo sem receio ou amargura
que te direi ao meio essa verdade escura
há detalhes que se devem silenciar"
Gostei!
Lírica e Nolli,
muito obrigada pela leitura
e pelos comentários!
Bom domingo!
a verdade inteira é que voce criou um belo soneto, com sabor de tinto !
abs
Renata, querida, adorei. Tão conflitados esses sabores que a gente dá e recebe... Beijos!
Essas meias verdades, inteiras mentiras, sorvidas com sofreguidão de vício, irresistíveis de imediato, amarga ressaca pos fato.
Essa taça só se bebe das mãos de uma mulher.
Adorei, Renata, parabéns!
Belo soneto Renata.
bjs
Flávio
Joe, Vera, Ton e Flávio,
que bom que gostaram do soneto!
Beijos!
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