terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Explicação do poema




A palavra é para explicar a ideia de uma letra.
No carbono mora a possibilidade da palavra brancoo.
Casa não é asa só por causa de uma letra!
A ideia de uma palavra obriga-nos à construção do seu uso.
Não é palavra um punhado de ideia.
Não é ideia um punhado de palavra.

A palavra mora em uma casa
Onde a possibilidade de uma letra é asa:
Para revelar o que foi gerado, não no carbono,
Mas naquilo que está em branco.

Onde, em uma palavra possível, foi gerado o seu potencial de organismo?

8 comentários:

Adriana Godoy disse...

Fiquei meio confusa, mas deu pra ver que o negócio é sério. Vou ler de novo, pra ver se entendo melhor. Bj

VERA PINHEIRO disse...

Tenório, que lindeza de poema! Uma homenagem à sutileza das letras. Amei! Um abraço.

Carol Mioni disse...

Me deu um nó! Amei =]

L. Rafael Nolli disse...

Tenório, muito bom esse poema, especulativo, intrigante - criou de imediato uma série de questões na minha cabeça sobre a criação poética, sobre o mundo das palavras.
Com certeza as palavras estão vivas, se movendo, se modificando - o poema é daqueles que só um poeta inquieto pode escrever: e isso é muito bom! Abraços.

Renata de Aragão Lopes disse...

Bravo, Tenório!

Talvez seja bem mais
que uma explicação do poema.

Parece que buscou
a gênese da palavra.

E que tema
mais intrigante,
como disse o colega Nolli!

Fiquei a refletir
sobre o verso:

"A ideia de uma palavra
obriga-nos à construção
do seu uso."

Inovador, pois o óbvio
seria o inverso.

Parabéns pela originalidade!
Um abração!

PS: ainda não visitei sua prosa
única e exclusivamente
por falta de tempo. : )

Heyk disse...

Tenório, adorei a resposta sua ao meu texto, o

http://manazinabre.blogspot.com/2009/12/13-queridos-bandidos.html

agradeço por ter comentado e acho que todos deveriam pôs esse texto em debate.

Meu caro, vi afinidades nossas com o seu texto e seu blog: por exemplo a máxima que é minha antiga já: inventar é aumentar o repertório de mundo, é fazer política, é lembrar que caos é regra e que ordenar o caos é só um jeito de ordenar, e não a verdade.

adorei a conversa. e quero seu email pra irmos trocando, ou que abramos uma conversa pública pra que como propusemos, o debate seja ampliado.

só tenho uma decepção pra ti: vi a ana paula maia num debate, como gente ela é uma anta. de erro de português (vincular por veícula e vice-versa) a uma postura moral super retrógrada, é uma velha do séc XIX numa roupagem de morenaça XXI. Terrível.

e vamos trocando, quanto à autopoiese:

esse seu poema é impressionantemente inteligente. no sentido mesmo de fazer interligâncias, conexões. a ideia de organismo na palavra, a ideia de usos forjados da reflexão da existência da palavra, é vai uma conversa longa pensarmos nisso.

ótimo!

Victor Meira disse...

Bacana, Tenório. O questionamento do fim é legal, e a narrativa de imagens que se forma na segunda estrofe é bonita. É um joguete muito bem montado.

Acho a primeira estrofe meio travadona. Os versos soam como dogmas isolados, talvez só pela fluência na pontuação. Mas isso é besteira, já que a coisa se amarra no fluxo semântico.

As asas criaram casas
voaram por aí
moram nuvens nelas, que
coam o cinza pela ordem do branco
e perpetuam a Lei da Possibilidade

Um abraço!

Joe_Brazuca disse...

primeiro veio o som (antes mesmo do "fiat lux", que ja era som e palavra, e portanto, aconteceu antes...)
depois a palavra
palavra é som
a escrita é grafismo
sem som e grafia, a palavra
é armadilha, pois indefine...
contudo as coisas ainda persistem em existir, mesmo sem ela...

muito legal seu microcósmo "signalfabético"...

abraço Tenório