quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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Qahoba Haa: Casa Cadente
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( Aos poetas Sérgio Medeiros-
tradutor do Popol Vuh para o português-,
Benny Franklin e Benoni Araújo )

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1
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Imergi meu corpo
num tonel de heranças
bem na quilha daquela hora ressonante
------------Oca hora
do tabernáculo de um grande molusco
devorador de areia e de vidro
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2
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O tempo passa para todos
e abre sulcos
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A vida inteira
imergi minhas amplidões despudoradas
nas fendas de mulheres transparentemente mornas
com dentes nacarados
------------que, via-de-regra
regavam seus quintais com aquavita
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Cheirei de todas as rosas
Provei das gorgônias mais vis
------------------------e agora estou aqui
------------------------neste barranco, velho
a decifrar enigmas
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3

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Tantos assombros, mais um:
um mosquito esmagado
nas páginas do Popol Vuh:

bem no ponto onde Hun Ah Pu
e X Balam Ke, os gêmeos Caçador
e Jaguar Veado
puseram os mosquitos a seguir
pela estrada negra
para picar pessoas e os bonecos
de pau
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4
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R Atit Qih / R Atit Zak
( avó do dia / avó da luz )
Bendita demência escarlate
Minhas avós jamais suspeitaram de seus próprios
conselhos
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9 comentários:

Adriana Godoy disse...

Os mosquitos picam gente e bonecos de pau, sua poesia fere e cura como um bálsamo. Isso é arte, Chco. beijo.

Anônimo disse...

Estou com a Adriana. Bela peça de arte!

Felipe Costa Marques disse...

Artista maia
Poeta estelar

ótima poesia, congratulações !

abraço

Benny Franklin disse...

Salve, Chico!
Putz! Cabe-me (lhe) agradecer pelo poema dedicado... Sua performance me anima - tanto e tanto - pela grandiosidade da obra que te acompanha.
Valeu, poeta grandioso!

O Neto do Herculano disse...

Saudações poéticas!

Sidnei Olivio disse...

Chico, fiquei imaginando o molusco dentro de uma ampulheta. Há tanta a se imaginar lendo esse seu poema, que apenas me regozijo e lhe abraço com braços de tamanduá.

L. Rafael Nolli disse...

Mantendo o alto nível e construindo uma série de poemas que se completam, que se unem de forma orgânica. Tudo vivo, um ecossistema rico, pulsante.

rogerio santos disse...

Na poesia do Chico, o Universo parece tomar a devida dimensão. E os vocábulos voam pra tudo que é canto.
Provocando, enriquecendo e esticando o horizonte do leitor (que não ficar pelo caminho).

Assis de Mello disse...

Pessoal, agradeço demais as palavras generosas. É muito bom saber que há aqueles que me levam a sério !!! Muitos dos meus poemas foram escritos no lado escuro da lua.
Abraxas,
Chico