segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Chovia

Chu via forte no meu para-brisa.
As luzes da cidade refletiam os pingos no painel e no banco passageiro.
Em organismos microscópicos a chuva nestas paragens se transmutava.

Uns dizem “perdemos o mundo, esquecemos o ser”.
Outros dizem “ os grandes duram para sempre”.

Não sabem que tudo será varrido e novas coisas serão

Se meu poema é imortal será mesmo para um pós-homem?
Uma certa depressão se esvaia na fumaça,
mas o mundo é lindo.
A melancolia traz revolução?

Ou será que a extrapolação é inerente ao homem?
A metafísica nunca será morta,
Numa evolução cíclica, novos deuses virão.

Da morte de Deus nasce o homem-Deus

Quantos luares mais desvelará meu direito de ser vivo?
Com que mulheres me fundirei antes da fusão final?

Devagar descia o sol e a chuva caia suas últimas gotas

Sua força secava o mar
Areias negras rodeavam pássaros hostis
Mastigados os olhos azuis sangravam azuladas cores
Raras brechas se faziam na manhã

Se chegamos cedo pro ser e tarde pros deuses
Deuses nos tornaremos aniquilando a nós mesmos
Extrapolar é ser homem
Estar em cada
Todo
nenhum
aquém entre além
ser não ser
transcendental aos prévios conceitos
A possibilidade total e infinita

Um comentário:

Adriana Godoy disse...

Sérgio, parabéns por seu poema tão bem articulado. Gostei. Bj