sábado, 22 de agosto de 2009

Em algum lugar anoitece




Mas é quando anoitece em mim
que eu liberto meus mistérios,
engulo os sapos, as lagartixas
regurgito as luas e os sagitários
salpico de estrelas meu corpo gélido.

Quando anoitece em mim
Meu coração pula como um louco
Tropeça, engasga
Desdiz e se desmancha
Quase sempre por tão pouco.

É quando mais me avisto
Minha máscara se desgasta
Mais em nuvem me desfaço
Mais da sua pele me deslumbro
Mais corro para o seu laço.

Em algum lugar anoitece,
Anoitece no Japão
Na Tunísia e no Paquistão.
E quando anoitece em mim,
essa noite me arrebata
Eu minto, me despeço, fujo, finjo, me cubro
quanto mais você se mostra.

3 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Uma noite e tanto, Daisy!

Adriana Godoy disse...

Bonita a noite que anoitece mem você, Daisy, gostei do poema.

Francisco Coimbra disse...

Uma noite com pele «Mais da sua pele me deslumbro», merecido deslumbramento: uma conversa versada a despertar poesia, na noite…