terça-feira, 7 de julho de 2009

o peixe



ao biólogo e poeta (Chico) Assis Mello


o peixe nada
as águas
entre eiras & beiras

afunda & emerge
as águas
               fundas turvas frias
do seu mundo liquefeito
do seu elementum
do seu habitat
& vício

um peixe feito
um míssil
        um signo
                um mito


nada
entre algas & alvas
sombras reticentes



um peixe sobrevivente
(objeto de estudo) – um peixe
de água & osso

um peixe mudo: um ente mutável
suplantando a lama
a lida
o lodo


mais liso que o limo o peixe
se esvai: simétrico
quase lúcido

(quase lúdico – o peixe no aquário!)


rasgando o leito feito
gumes de uma lâmina
de escamas

um peixe cheio de gana
que se seduz
       se reproduz
& debrota
na biologia muda
onde o peixe
brota – (o verbo
úmido que se torna
poesia!)

Meu novo blog: http://concretosabstratos.blogspot.com

5 comentários:

Priscila Lopes disse...

Sidnei, adorei forma & conteúdo. Lembrou-me Ronaldo Werneck; lembrou-me Chacal até.

Estarei em seu blog.

Abraço!

Benny Franklin disse...

Poema que é grande como o homenageado. De prima, Sidnei!

Assis de Mello disse...

Grande Sidnei,
Poxa, compadre, muito obrigado por dedicar-me esse ichthyo-poema. Estou passando uns dias em Viçosa, MG, examinando genitálias femininas de grilos (sei que você não me julgará psicopata), só vi o poema agora.
Dá uma olhadinha no texto... quando você utiliza "&", aqui aparece umas letras a mais... Q que será que é isso ?
Um forte abraço,

Chico

Sidnei Olivio disse...

Priscila e Benny: obrigado pelos comentários.

Chico, meu mestre, ora direi: ouvir o cricrilar dos grilos, rsss
Quanto ao texto, usei o "e" comercial (&) e no meu computador aparece normal. Sinto por isso.
Abraço e bom trabalho com os ensiferas.
Sidnei

Sidnei Olivio disse...

Ops, ensifera! (o "s" foi de atrevido, rss)